Mestrado em Direito Internacional - law540 - 1.2

Noções básicas de governança corporativa

Conteúdo organizado por Andressa Rélica Leite Rocha Oliveira Ramos em 2022 do livro Manual de Compliance, publicado em 2021 por CARVALHO, A. C., ALVIM, T. C., BERTOCCELLI, R. D. P., & VENTURINI, O. pela Editora Forense, 2021.
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Noções básicas de governança corporativa

Objetivos de Aprendizagem

Introdução

A governança corporativa exerce um papel fundamental nas organizações especialmente na forma como as empresas são geridas e as decisões de gestão são tomadas.

Portanto, entender as noções básicas de governança corporativa, nos ajudará a compreender como são construídos os alicerces dos bons programas de compliance.

A Governança Corporativa

A Governança Corporativa indica o grau de profissionalismo na condução e liderança de uma empresa ou organização."
CARVALHO et al. (2021)

Os programas de compliance estão intimamente ligados à governança corporativa, uma vez que a manutenção do programa depende do envolvimento dos membros que compõem os órgãos de gestão e da decisão da própria gestão.

Apesar de não existir uma forma sintética de definir precisamente o conceito de governança corporativa, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE (2004) em sua publicação OECD Principles of Corporate Governance, nos esclarece que “Governança Corporativa envolve um conjunto de relacionamentos entre a direção de uma empresa, seus acionistas e outras partes interessadas.” (tradução livre)

Por sua vez, o IBGC - Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (2015), em seu Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa, nos oferece uma boa definição ao afirmar que governança corporativa é o sistema pelo qual as empresas e demais organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre sócios, conselho de administração, diretoria, órgãos de fiscalização e controle e demais partes interessadas.

Ainda nesta definição, o IBGC (2015) sustenta que as boas práticas de governança corporativa convertem princípios básicos em recomendações objetivas, alinhando interesses com a finalidade de preservar e otimizar o valor econômico de longo prazo da organização, facilitando seu acesso a recursos e contribuindo para a qualidade a gestão da organização, sua longevidade e o bem comum.

Tal conceito foi influenciado pelo Report of the Comitee the financial aspects of corporate governance, conhecido como o primeiro código de boas práticas e governança corporativa, liderado por Sir Adrain Cadbury, na década de 1990, na Inglaterra, que definiu a governança corporativa como sendo o sistema pelo qual as companhias são dirigidas e controladas. Além dessa visão de governança, o relatório também propôs que fossem estabelecidas as funções dos acionistas, do conselho de administração (que também deveriam estar sujeitos a leis, regulações e deliberações dos acionistas nas assembleias gerais), dos diretores e dos auditores, evidenciando quais seriam os deveres da alta direção na composição de medidas estratégicas para supervisionar o desenvolvimento do negócio e relatar suas ações aos acionistas.

Assim sendo, percebemos que a governança corporativa se apresenta como um elemento-chave para as empresas, pois melhora a eficiência e crescimento econômicos destas, ao tempo em que contribui para aumentar a confiança dos investidores.

Para a OECD (2015) “A presença de um sistema de governança corporativa eficaz, dentro de uma empresa individual e em uma economia como um todo, ajuda a fornecer um grau de confiança necessário para o bom funcionamento de uma economia de mercado.”

Dos conceitos apresentados, percebemos alguns elementos marcantes que nos permitem enxergar a governança corporativa como:

A Estrutura da Governança Corporativa

A OCDE (2004), sustenta ainda que, “a Governança Corporativa também fornece a estrutura pela qual os objetivos da empresa são estabelecidos, e são determinados os meios para se alcançarem esses objetivos e para se monitorar o desempenho.”(tradução livre)

Assim, como sustenta VALENTE (2019), a governança corporativa de uma empresa estabelece uma estrutura institucional, a partir da qual as partes envolvidas na gestão da empresa podem, em alguma medida, discutir os rumos a serem tomados, os meios de alcançar seus objetivos e os instrumentos de controle de eventuais desvios em relação ao destino almejado.

Segundo as orientações do IBGC (2015), uma boa estrutura de governança corporativa, entendida como “boa prática”, é composta por órgãos de funcionamento permanentes e órgãos de fiscalização e controle.

Os órgãos de funcionamento permanentes são:

Dentre os órgão de fiscalização e controle temos:

O IBGC(2015), recomenda ainda, que a estrutura de governança pactuada como boa prática deve ter um código de conduta, que segundo o Instituto “tem por finalidade principal promover princípios éticos e refletir a identidade e cultura organizacionais, fundamentado em responsabilidade, respeito, ética e considerações de ordem social e ambiental”

Por fim, é necessário ter em mente que para que a governança corporativa seja relevante é essencial que suas normativas e diretrizes sejam adaptadas à realidade de seu negócio, pois como afirma a OECD (2015) “A boa governança corporativa deve fornecer incentivos adequados para que o conselho e a administração busquem objetivos que sejam do interesse da empresa e de seus acionistas e devem facilitar o monitoramento eficaz.” 

saiba mais

Saber Direito - Compliance e Governança Corporativa - Aula 1 

"Saber Direito - Compliance e Governança Corporativa - Aula 1"

Em resumo

A governança corporativa deve ser entendida de forma sistêmica, pois envolve diversos temas, desde o estabelecimento de órgãos internos, (conselho de administração, diretoria executiva e conselho fiscal, dentre outros) ao processo de escolha dos membros desses órgãos, duração dos mandatos e os poderes pertinentes a cada um deles, passando pelo estímulo por meio de incentivos adequados para que esses órgão busquem os objetivos do interesse da empresa e de seus acionistas, até a facilitação de monitoramento eficaz e o fomento de princípios éticos que precisam refletir a identidade e cultura organizacionais.

Introdução

A governança corporativa exerce um papel fundamental nas organizações especialmente na forma como as empresas são geridas e as decisões de gestão são tomadas.

Portanto, entender as noções básicas de governança corporativa, nos ajudará a compreender como são construídos os alicerces dos bons programas de compliance.

A Governança Corporativa

A Governança Corporativa indica o grau de profissionalismo na condução e liderança de uma empresa ou organização."
CARVALHO et al. (2021)

Os programas de compliance estão intimamente ligados à governança corporativa, uma vez que a manutenção do programa depende do envolvimento dos membros que compõem os órgãos de gestão e da decisão da própria gestão.

Apesar de não existir uma forma sintética de definir precisamente o conceito de governança corporativa, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE (2004) em sua publicação OECD Principles of Corporate Governance, nos esclarece que “Governança Corporativa envolve um conjunto de relacionamentos entre a direção de uma empresa, seus acionistas e outras partes interessadas.” (tradução livre)

Por sua vez, o IBGC - Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (2015), em seu Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa, nos oferece uma boa definição ao afirmar que governança corporativa é o sistema pelo qual as empresas e demais organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre sócios, conselho de administração, diretoria, órgãos de fiscalização e controle e demais partes interessadas.

Ainda nesta definição, o IBGC (2015) sustenta que as boas práticas de governança corporativa convertem princípios básicos em recomendações objetivas, alinhando interesses com a finalidade de preservar e otimizar o valor econômico de longo prazo da organização, facilitando seu acesso a recursos e contribuindo para a qualidade a gestão da organização, sua longevidade e o bem comum.

Tal conceito foi influenciado pelo Report of the Comitee the financial aspects of corporate governance, conhecido como o primeiro código de boas práticas e governança corporativa, liderado por Sir Adrain Cadbury, na década de 1990, na Inglaterra, que definiu a governança corporativa como sendo o sistema pelo qual as companhias são dirigidas e controladas. Além dessa visão de governança, o relatório também propôs que fossem estabelecidas as funções dos acionistas, do conselho de administração (que também deveriam estar sujeitos a leis, regulações e deliberações dos acionistas nas assembleias gerais), dos diretores e dos auditores, evidenciando quais seriam os deveres da alta direção na composição de medidas estratégicas para supervisionar o desenvolvimento do negócio e relatar suas ações aos acionistas.

Assim sendo, percebemos que a governança corporativa se apresenta como um elemento-chave para as empresas, pois melhora a eficiência e crescimento econômicos destas, ao tempo em que contribui para aumentar a confiança dos investidores.

Para a OECD (2015) “A presença de um sistema de governança corporativa eficaz, dentro de uma empresa individual e em uma economia como um todo, ajuda a fornecer um grau de confiança necessário para o bom funcionamento de uma economia de mercado.”

Dos conceitos apresentados, percebemos alguns elementos marcantes que nos permitem enxergar a governança corporativa como:

A Estrutura da Governança Corporativa

A OCDE (2004), sustenta ainda que, “a Governança Corporativa também fornece a estrutura pela qual os objetivos da empresa são estabelecidos, e são determinados os meios para se alcançarem esses objetivos e para se monitorar o desempenho.”(tradução livre)

Assim, como sustenta VALENTE (2019), a governança corporativa de uma empresa estabelece uma estrutura institucional, a partir da qual as partes envolvidas na gestão da empresa podem, em alguma medida, discutir os rumos a serem tomados, os meios de alcançar seus objetivos e os instrumentos de controle de eventuais desvios em relação ao destino almejado.

Segundo as orientações do IBGC (2015), uma boa estrutura de governança corporativa, entendida como “boa prática”, é composta por órgãos de funcionamento permanentes e órgãos de fiscalização e controle.

Os órgãos de funcionamento permanentes são:

Dentre os órgão de fiscalização e controle temos:

O IBGC(2015), recomenda ainda, que a estrutura de governança pactuada como boa prática deve ter um código de conduta, que segundo o Instituto “tem por finalidade principal promover princípios éticos e refletir a identidade e cultura organizacionais, fundamentado em responsabilidade, respeito, ética e considerações de ordem social e ambiental”

Por fim, é necessário ter em mente que para que a governança corporativa seja relevante é essencial que suas normativas e diretrizes sejam adaptadas à realidade de seu negócio, pois como afirma a OECD (2015) “A boa governança corporativa deve fornecer incentivos adequados para que o conselho e a administração busquem objetivos que sejam do interesse da empresa e de seus acionistas e devem facilitar o monitoramento eficaz.” 

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Saber Direito - Compliance e Governança Corporativa - Aula 1 

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Em resumo

A governança corporativa deve ser entendida de forma sistêmica, pois envolve diversos temas, desde o estabelecimento de órgãos internos, (conselho de administração, diretoria executiva e conselho fiscal, dentre outros) ao processo de escolha dos membros desses órgãos, duração dos mandatos e os poderes pertinentes a cada um deles, passando pelo estímulo por meio de incentivos adequados para que esses órgão busquem os objetivos do interesse da empresa e de seus acionistas, até a facilitação de monitoramento eficaz e o fomento de princípios éticos que precisam refletir a identidade e cultura organizacionais.

na ponta da língua

Referências
Bibliográficas

IBGC (2015). Código das Melhores práticas de governança corporativa. Disponível em: https://bit.ly/21138 Acesso em: 26 jun.2025.

CARVALHO, A. C., ALVIM, T. C., BERTOCCELLI, R. D. P., & VENTURINI, O. (2021). Manual de compliance. 3ª ed. Rio de Janeiro: Forense.

FRANÇA, Beatriz (2021) Análise do compliance como instrumento da governança corporativa. Disponível em https://bit.ly/3SQEj5c. Acesso em: 02 ago. 2022.

OECD (2004), OECD Principles of Corporate Governance. OECD Publishing, Disponível em: https://bit.ly/3zVVyJz. Acesso em: 02 ago. 2022.

OECD (2015), G20/OECD Principles of Corporate Governance. OECD Publishing, Disponível em: https://bit.ly/html Acesso em: 26 jun. 2025.

VALENTE, Paulo Gurgel. (2019) Governança Corporativa: guia do conselheiro para empresas familiares ou fechadas. Alta Books.

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Noções básicas de governança corporativa

Imagens: Shutterstock

Livro de Referência:

Manual de compliance

CARVALHO, A. C., ALVIM, T. C., BERTOCCELLI, R. D. P., & VENTURINI, O.

Forense, 2021.

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